Mia

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Localização: Lisboa

12/27/2005

Na Esfera...

No filme os sobreviventes decidem esquecer "A Esfera" e as suas potencialidades, cientes de que os humanos não estavam preparados para conceber o mundo enquanto a sua imaginação priviligiasse os medos. Temo (e a alusão ao medo é um reconhecimento) essa percepção de que tudo o que é pensado é possível e que isso não é a todos perceptível. Ainda que fossemos os ultímos a ser concebidos aliatóriamente, o livre arbitrio seria apenas uma reminiscência gravada na alma do projecto de sei lá quem. Na era da engenharia genética rezo para que o Arquitecto continue a ser Deus e confio mais na sua aparente aliatoriedade do que na racionalidade humana. ...Ainda em branco e preto vi o principío da Doly num filme que tinha por argumento as experiências Nazis onde Hitler procurava fazer cópias à sua imagem. O Snuppy representa o fim da aliatoriedade que protegia o Direito a Ser, a existir com propósitos insondáveis. Alegadamente, o código genético já foi quebrado há cinquenta anos. Especulando que onde há fumo há fogo, o fogo já devia estar ateado há mais trinta. Neste momento já deve ter ardido o que havia para arder. A velocidade da informação não impede que só se fale em "risco de epidemia" quando os afectados já não podem ser ocultados. Mesmo existam imunes guardados daqui a uns dez anos preferia esquecer a descobrir que a minha existência foi destinada.
Depois da teoria dos espiões manipulados durante a guerra fria, esses doidos que cinco anos antes do previsto, lançaram o boato de que eramos por satélites controlados, não me surpreenderia que outra noticía, claro que também ela doida e varrida, falasse de experiências na maternidade no ano em que nasci. Se agora a globalização pacificamente justifica a volação de privacidade e todas as camaras espalhadas pela cidade, também então haveria outro fundamento qualquer para a carneiragem e a restrição da liberdade. Neste contexto a "legitima defesa preventiva" aparece em todo o seu explendor para que daqui a uns dez anos eu possa "escolher" o meu filho, prevenindo que ele não tenha diabetes, problemas cardiacos ou outra porcaria genética qualquer de que seja feito o meu organismo. A novidade é que o felizardo não terá como legado um gene aliatório mas será um organismo pensado. Se tiver dinheiro, talvez pensado por mim, com um quoficiente de inteligência considerável, boa pele e de perferência olhos verdes. Todos os seus amigos serão "belos nascidos", escolhidos entre uma centena de embriões, por instintos paternais. Os pobres não poderão ter filhos ou enfeizarão esse "admiravel mundo novo". Os netos provavelmente já não terão tanta sorte. Poderão ser produzidos pelo Estado segundo as necessidades do mercado. Um tantos já são hoje criados com o unico objectivo de salvar outro qualquer. Está provado o instinto paternal. Talvez a reprodução enquanto dever civico venha incluir a abstenção.
...E eu imagino que me venho a esquecer disso e tenho um filho.
Mia