Mia

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Localização: Lisboa

2/26/2010

Tenho uma fractura na alma que não cura

Tenho uma fractura na alma que não cura,
Tenho uma dor no peito que respeito,

Uma angústia sem nome
A que chamam depressão...

Tenho um coração preocupado com tudo e com nada
Tenho uma mágoa que não larga,
Uma sina, um destino, uma maldição.

Tenho resistência à dor que admira
E sobrevivo mais um dia.

Tenho uma esperança que me ama
Um sorriso que nada pede e ilumina.
Sou abençoada e grata pela vida.

Que tenho eu?

Uma fractura na alma que não cura.
Um futuro prometedor que não se realizou
e...uma formidável surpresa.

Não quero que ela sinta o peso
De ser a luz nas minhas trevas,
Quero ser eu o exemplo da força
E empenho com que pode contar.

Quero que seja feliz e para isso também irei de sê-lo.

Até lá... tento disfarçar a fractura
E a culpa de tanto amor não chegar para a cura.

Ninguém pode tratar desta doença
Nem do tempo que perco a pensar numa solução,
A rezar por um milagre que leve a minha mediocridade,
A arrastar a frustração...

Jesus deu-me um espírito novo,
Deus uma luz que ilumina,
Um ombro que me atura,
E uma vida sem tribulações...

Mas a realização que procuro
Não pode ficar noutras mãos
Enquanto durmo na vida
E perco o sonho de infância
Na espera de um trabalho exigente,
De um mérito, de uma rotina.

Preciso dos excelentes que me faziam sentir gente.

Não há nada pior do que estar sem vida e sem horários.
100% in/disponível
Sem projectos e sem salário.

Tenho uma fractura na alma
E da história não reza os fracos...
Se perder
Ninguém se lembrará
Do pouco e do muito que faço
Do esforço na forma tentada.

Já não é especial ver mais do que o evidente,
E ser anti-social por ser-se mais inteligente.
O autismo é uma burrice que o esperto não entende.

Mais tarde ou mais cedo o espírito entorpece.

Embruteço.

Estagnei,deixei passar o comboio e fiquei parada,
A fracturar a alma...
No auge da incompetência quis sair daquela estação
Mas já devia ter saído e culpei o destino.

Um destino muito vulgar e sofrível.

Onde o brilho extra que se vislumbra
É exterior e superior aos meus méritos.

E eu queria estar à altura
Daquilo que esperei
Daquilo que esperaram e esperam
Das apostas e sonhos dos que ainda os têm...

...Mas tenho uma fractura na alma.

3/02/2009

Deus existe.

Einstein acreditava em Deus porque era Estúpido? Descartes acreditava em Deus porque era estúpido? Deus é uma evidência filosófica. Se nos questionarmos sobre o princípio das coisas (para lá do Big Bang) chegamos sempre a uma de duas conclusões: ou antes disso já existia algo e assim por diante até ao infinito - e portanto tudo sempre existiu; ou chegamos ao "fim" das perguntas e depois disso há o "nada" - o que per si já é alguma coisa nem que seja pela oposição à ideia de tudo (Vg Platão- outro estúpido). Ou seja, o infinito existe. Assim como existem mentes limitadas que não conseguem conceber a ideia de infinito. E é essa totalidade infinita que sempre existiu e existirá, portadora de todas as questões e respostas a qual o homem pertence que as religiões chamam Deus. A ciência limita-se a estudar a causa e efeito das coisas mas jamais poderá perceber o encadeamento de todas elas pois partirá sempre da observação particular e não da geral – a qual é humanamente impossível por ser infinita. Sendo a natureza do nosso universo infinita, a probabilidade é uma farsa, aliás a matemática foi inventada e não descoberta - o que significa que tudo –inclusive os milagres (que desafiam a nossa lógica básica) são possíveis.

12/27/2005

Na Esfera...

No filme os sobreviventes decidem esquecer "A Esfera" e as suas potencialidades, cientes de que os humanos não estavam preparados para conceber o mundo enquanto a sua imaginação priviligiasse os medos. Temo (e a alusão ao medo é um reconhecimento) essa percepção de que tudo o que é pensado é possível e que isso não é a todos perceptível. Ainda que fossemos os ultímos a ser concebidos aliatóriamente, o livre arbitrio seria apenas uma reminiscência gravada na alma do projecto de sei lá quem. Na era da engenharia genética rezo para que o Arquitecto continue a ser Deus e confio mais na sua aparente aliatoriedade do que na racionalidade humana. ...Ainda em branco e preto vi o principío da Doly num filme que tinha por argumento as experiências Nazis onde Hitler procurava fazer cópias à sua imagem. O Snuppy representa o fim da aliatoriedade que protegia o Direito a Ser, a existir com propósitos insondáveis. Alegadamente, o código genético já foi quebrado há cinquenta anos. Especulando que onde há fumo há fogo, o fogo já devia estar ateado há mais trinta. Neste momento já deve ter ardido o que havia para arder. A velocidade da informação não impede que só se fale em "risco de epidemia" quando os afectados já não podem ser ocultados. Mesmo existam imunes guardados daqui a uns dez anos preferia esquecer a descobrir que a minha existência foi destinada.
Depois da teoria dos espiões manipulados durante a guerra fria, esses doidos que cinco anos antes do previsto, lançaram o boato de que eramos por satélites controlados, não me surpreenderia que outra noticía, claro que também ela doida e varrida, falasse de experiências na maternidade no ano em que nasci. Se agora a globalização pacificamente justifica a volação de privacidade e todas as camaras espalhadas pela cidade, também então haveria outro fundamento qualquer para a carneiragem e a restrição da liberdade. Neste contexto a "legitima defesa preventiva" aparece em todo o seu explendor para que daqui a uns dez anos eu possa "escolher" o meu filho, prevenindo que ele não tenha diabetes, problemas cardiacos ou outra porcaria genética qualquer de que seja feito o meu organismo. A novidade é que o felizardo não terá como legado um gene aliatório mas será um organismo pensado. Se tiver dinheiro, talvez pensado por mim, com um quoficiente de inteligência considerável, boa pele e de perferência olhos verdes. Todos os seus amigos serão "belos nascidos", escolhidos entre uma centena de embriões, por instintos paternais. Os pobres não poderão ter filhos ou enfeizarão esse "admiravel mundo novo". Os netos provavelmente já não terão tanta sorte. Poderão ser produzidos pelo Estado segundo as necessidades do mercado. Um tantos já são hoje criados com o unico objectivo de salvar outro qualquer. Está provado o instinto paternal. Talvez a reprodução enquanto dever civico venha incluir a abstenção.
...E eu imagino que me venho a esquecer disso e tenho um filho.
Mia

6/03/2005

Pintar o Mundo

...
- Se está inocente a coisa é realmente muito simples.
Pelo olhar de K. passou uma sombra de tristeza; este homem que dizia ser uma pessoa da confiança da justiça falava como uma criança ignorante.
- A minha inocência não torna a coisa mais simples-disse K. Apesar de tudo, não pode evitar de sorrir e de abanar lentamente a cabeça. -Depende das inúmeras subtilezas em que a justiça se perde. No fim extrai uma grande culpa dum sítio onde nunca houve nada.
- Sim, sim, com certeza - disse o pintor, como se K. estivesse sem necessidade a estorvar-lhe o fio dos seus pensamentos. - Mas o senhor está mesmo inocente?
- Estou - respondeu K.
- Isso é o principal.
O Processo, Franz Kafka
Disseram me que este clip foi premiado no Festival de Cinema Infantil de Chicago mas não foi por isso que guardei o endereço...
...Vale a pena ver e ouvir.

5/20/2005

Peacemaker

O INIMIGO

Porque tende a matar apenas por sobrevivência, porque ir contra a humanidade é ir contra si mesmo, o soldado tem de ser enganado, tem de ser programado por uma ideologia. Então o adversário é aquele que já não é da raça humana mas de uma outra qualquer raça inferior contagiosa de que são feitos inimigos.
Hitler, era então um “louco” que disse à vítima que podia vitimar. Esta não precisava de se afirmar perante uma globalidade, ainda que esse fosse o “ideal”, bastava que se afirmasse perante um grupo mais ou menos vasto. Os judeus eram um grupo maioritariamente abastados, historicamente sem pátria e mais fáceis de se dominar.
E o homem “louco” racionalizou. Mesmo quando a derrota nazi já era evidente, mesmo quando matar judeus representava uma despesa aparentemente injustificada, a Alemanha Nazi continuava a matar. Para se afirmar a si e não para renegar um outro.A limpeza étnica era com efeito um pretexto da afirmação pela expansão. Não uma situação de ódio pelo ódio. O expansionismo aparece associado a uma concepção messiânica da política onde o ódio racial é fomentado para motivar tropas, para que o soldado deixe de ver o outro como humano.
Infelizmente, a ideologia é quase sempre é um instrumento e não um fundamento.O expansionismo pelo genocídio não difere da guerra e só hipocritamente existem atentados legitimados.Procura-se proteger a humanidade com convenções contra o genocídio e por um Tribunal Penal Internacional que é por natureza mais coerente que um tribunal ad-hoc... Mas continuam a haver muitos “loucos” no mundo e o alvo é a humanidade.
Não se pode tutelar o bem jurídico “humanidade” sem se tutelar o bem jurídico “vida” primeiro. Nem devia falar-se da eliminação de judeus, católicos ou muçulmanos mas sim da eliminação de humanos. Antes de mais o ser humano deve ser protegido enquanto ser que é e não porque pertence a um “grupo” como um mero rotulado por uma característica étnica.
Se existe genocídio é o de “homo sapiens sapiens”. Na verdade falamos de Homicídio, de crime contra o bem jurídico vida individualmente considerado, com o agravante da repetição. Mesmo que isso torne homicida qualquer estado em guerra não podemos dividir consciências quanto ao que é o ser humano. Incriminar por igual e de modo imparcial significaria ter coragem para afirmar que o que “mata” num contexto de política externa racionalista pouco difere do genocída... era abrir o jornal na secção internacional ler “Homicídio” financiado de algum modo por nós próprios e pela nossa indiferença. Por motivos óbvios não podemos todos ser condenados, nem condenar baixas patentes instrumentalizadas pelos seus superiores hierárquicos sem outra opção para além da de obedecer.
Mas poderíamos condenar os governantes criminosos que fazem do Estado um Estado criminoso. Nem podemos aceitar que os Estados só sejam julgados quando são vencidos...e por aqueles que o vencem. Aceitar isso é afirmar que não se julga o que detém o poder e isso é negar a própria função e razão do Direito. Se a política realista aceita uma realidade vergonhosa quando esta está a seu favor, se tolera e incentiva assim estados criminosos, então ela própria uma vergonha que nem o próprio Maquiavel quereria.
O direito têm de se impor ao próprio poder. As ideias de separação de poderes e de limitação do poder pelo poder, devem ser transpostas para o plano internacional. E se não foi por acaso que o período da “Guerra Fria” verificaram-se menos conflitos do que no período posterior, “uma igualdade de armas” apazigua “os lobos”.
No entanto, o poder enquanto característica de Estados não é mais do que o reflexo do poder característico dos indivíduos, potencialmente bons e potencialmente maus, onde encontramos virtudes e defeitos que concorrem com vista à evolução.Porque nenhuma posição é permanente, por vezes impacientemente, prefere ao estado de tensão e competição, destruir em poucos segundos o que levou séculos a construir. Mas a Guerra não inova: A realidade é de uma continuidade incontornável e indestrutível. Não há um começar de novo (o que até poderia parecer aliciante) há um recomeçar ...e recomeçar é sempre pior. O desafio é o equilíbrio.
Talvez, uma vez que nenhuma posição é permanente, o ser humano venha um dia a se rever no outro e ao pensar “aquele poderia ser eu” venha a tratar o outro com “humanidade”. Talvez o que já tenha sido derrotado aprenda a ser um “forte” esclarecido, “iluminado,” um forte que cumpre as regras que impõe e que dá o bom exemplo. Até lá, “Se queremos paz ... preparam-nos para a guerra”.
PeaceMaker
.
.A este propósito...
" É evidente que o tipo nobre se afirma na esfera que lhe é própria,
e não precisa de negar o seu rival para se afirmar;
enquanto que o tipo vil e vulgar transforma
a sua afirmação no acto de negar o seu rival,
talvez porque não seja capaz de querer algo por conta própria".
O Pensamento Europeu Moderno

5/07/2005

nationalgeographic299

4/30/2005

Reflexo

Olho-o com um olhar crítico...
Responde-me na mesma moeda.
(estranha teoria do reflexo do espelho)

Observo-o... parece igual
Mas é o inverso.
Uma curiosa representação sem coração à esquerda.
À minha direita...
Quem é o mímico afinal?

Aproximo-me...
Toco-o com as pontas dos dedos
E tento o exacto contacto com a palma da mão.
Frio...
No vidro embaciado não há...
Não há!
Afasto-me...
Não é o oposto nem é suposto ser mais que inverso!
Rio.
Há um absurdo de mundo além do meu
E nenhum espelho que não se parta!
Desvio.
Viro as costas a paralelo universo
E sossego.
Atrás de mim
Sei que responde fazendo o mesmo
E saio.
(...)
À saída uma cigana pergunta:
“Quer que lhe leia a sina?”
- Não obrigado...

"Mia"